
Drexler folheando o meu guia. FOTO:Iracema Marques
Falando em Jorge Drexler, que a propósito tem uma música intitulada “I don’t worry about a thing” em seu novo cd, o conheci aqui há cerca de um mês, no lançamento de seu novo álbum. Eu, fã de carteirinha dele faz alguns anos, descobri que ia ter um pocket show de graça (fundamental para a minha ida) na Fnac e me mandei da aula direto pra lá.
Cheguei meia hora atrasada e, ao contrário do que pensava, não era um show, nem sequer uma canjinha, o que estava rolando era aquele bate-papo bem cabeça entre ídolo e fãs. Bom, como já estava lá e curto demais o cara fiquei até o final, irritando minha amiga mexicana que me acompanhou pensando se tratar de um concierto e não hesitou em vazar assim que arrumei uma cadeira.
Durante a conversa, me identifiquei ainda mais com Drexler. A saudade de casa, a dificuldade de se adaptar a Madrid, o velho lance de seguir os sonhos mesmo que ninguém acredite em você e a charla acabou por servir de incentivo para continuar a vida aqui. Resultado: acabou o bate-papo e, como só restaram alguns gatos pingados, resolvi arriscar minha primeira tietagem.
Entrei na fila e me dei conta que, claro, estavam todos com o cd novo para ser autografado. Eu, de mãos abanando, arrisquei perguntar quanto custava o cd, só por educação. “Catorze euros?”, inviável. Com apenas mais três pessoas na minha frente, encarnei a cara de pau e segui adiante. Tive então a grande idéia de pedir para ele autografar o meu guia * que casualmente estava na minha bolsa. Na minha cabeça seria super original ter um guia meu autografado por ele, imagina!
Chega a minha vez e ele me surpreende falando um bom português. Eu, tiete de primeira viagem, fiquei sem fala, mostrei logo o guia e sem graça expliquei a minha brilhante ideia. Ele, super atencioso, começou a folhear o guia e se amarrou!Leu várias páginas, causando olhares fulminantes no resto da fila. Elogiou tudo, disse que morria de vontade de conhecer a Bolívia, perguntou como era lá, o que recomendava. Um tet-a-tet de verdade!
“Estes beijos agora viajam com Alice”, escreveu na primeira folha do meu guia, aquele mesmo que passei mais de duas horas sentada autografando para vários amigos em novembro. Engraçado viver a situação inversa com o mesmo objeto. Saí de lá radiante, liguei logo pro Felipe para contar e recebi um balde de água fria: “Porque você não deu o guia pra ele??”. Tonta!
Nem tinha pensado nisso. Deslumbrada com o momento, não percebi que Drexler deu todas as indiretas e diretas possíveis para ganhar um guia. E minha limitada mente nada comercial, só conseguia imaginar um guia autografado na minha estante. Para reparar o vacilo anteontem desci aqui no correio e mandei um guia por correio. Se tudo der certo, em questão de alguns meses “O Guia do Mochileiro” estará nas mãos de Paulinho Moska, Maria Rita e etc. Ainda bem que sonhar não custa nada…